Muita nuvem no céu
As penas do Eusébio estavam agitadas. Depois de conhecer a amiga gaivota, os dois voaram 739 nuvens! É muita coisa para um tucano que não sabe bater asas direito.
- O que você tem? – perguntou a Katarina.
- Nada. Eu sou muito valente!
Eusébio tinha a língua para fora. A mãe dele não ensinou as lições do céu. A gaivota aproveitou para ser mais amiga e ofereceu uma carona.
- Pula aqui! Eu vou carregar você.
- Você não é um canguru. E se me deixar cair?
- Eu sou esperta. Nenhuma gaivota voa tão bem quanto eu. Pode acreditar.
Era a única chance do tucano não morrer de tanto voar. A vida boa lá da floresta acabou mesmo.
- Você vai conhecer muita gente nova. Vai ser legal! - disse a Katarina.
- Não gosto de gente. Aquele barbudo nojento roubou a minha mãe!
- Não precisa gritar, eu estou falando dos pássaros iguais a gente...
A gaivota fechou o bico do Eusébio com uma fitinha amarela. Que maluquice! Só assim o amigo de viagem ficava calado e não deixava ela com dor de cabeça. O tucano resmungou, mas a Katarina fingiu que não ouviu.
- Nós, mulheres, sentimos enxaqueca. O seu pai nunca comentou?
Eusébio tentou qualquer palavra, sem adiantar. Os ventos gostam de cantar bem alto. Mais umas 20 nuvens e os dois chegaram.
- Pronto. Agora você já pode falar, falar, falar.
- Isso não se faz. Eu estou é com saudade de desenhar...
- Já sei! Vamos rabiscar o céu?
- Com assim?
Katarina deu um pulo e puxou uma pena do primeiro pássaro que passava por ali. Ela é muito rápida. Depois, saiu correndo pelos flocos brancos fazendo furinhos. O Eusébio tentou fazer igual. Pulou mas não conseguiu arrancar uma peninha.
Ops! Ele começou a cair, cair, cair. Foi tão depressa, que não viu mais a gaivota. Na descida, tinha um pássaro usando uma viseira rosa choque. Foi ele quem avisou:
- Cuidado! Se segura num pedaço de nuvem.
- Eu não sei fazer isso. – respondeu o tucano.
- É fácil. É só esticar a mão e imaginar.
O Eusébio suava de nervoso. E na hora que ele pensou em um pedaço de nuvem, ela apareceu! Meio embolada, mas apareceu...
- Eu posso inventar tudo!
Katarina chegou um tempão depois. E foi logo explicando.
- Tem uma borboleta dentro da nossa cabeça que faz a mágica que a gente imaginar!