Fazia duas horas que a mãe não soltava uma palavra. Muito menos virava o pescoço para trás. Eusébio não sabia o que fazer. Sentado no chão da sala, ele deixou o jogo da memória de lado. Parou um minuto. Será que disse em voz alta as palavras proibidas? Um caos seria, respeitador que sempre foi a sua mãe. Mas Dona Beth não parecia amigável.
-O que há, mamãe?
Ela permaneceu calada. Era um charme, de unhas pintadas de rosa. Vivia a se enfeitar em frente ao longo espelho do quarto. Gostava de cílios enormes, e muita ordem na casa. A árvore de Eusébio era um aconchego só.
-Diga, por favor. Que eu fiz de aborrecer?
Dona Beth marchou rumo ao quarto e deixou o filho único a insistir.
-Por acaso, fui um mau tucano?
À beira da cama, ela preparava a mala. Casaco se fizesse frio, óculos escuros se encontrassem o sol. Ah, e um protetor de orelhas para uma viagem turbulenta.
-Pegue suas coisas e um brinquedo. Ganharemos o céu ao anoitecer. - disse a mãe, em tom grave.
-Eu não quero deixar minha árvore...
-Depressa, pois ela irão derrubar!
O exótico tucano deu meia volta e assistiu ao seu mundo ruir. Acabava o tempo de implicância com as formigas.
-Tenho planos pra vida... – confessou, com um suspiro.
-Maravilha saber.
-Meus melhores amigos pra sempre...
Definitivamente, aquele não era dia de melodias. Dona Beth não estava de brincadeira. Um tucano criança nada sabia de amigos para sempre. A mãe não pensou duas vezes e desfiou a lição.
-Não teime. Nosso tempo é curto. Precisamos correr!
Eusébio sentiu uma ponta de dor dentro de si. Pediu permissão e correu para o galho preferido. Quando a noite chegou, mãe e filho voaram longe.
-Quanto escuro! Mal posso enxergar. – resmungou o pequeno.
-Você nada sabe dos assuntos do mundo. Os homens querem nos capturar.
O tucano se entregou às asas da mãe. Ele queria outra árvore bem feliz. Até o cansaço, a viagem parecia tranquila. Na busca por um cantinho de dormir, os olhos de Dona Beth correram de lá para cá.
-Pronto. Aqui estamos à salvo. – explicou, aninhando o filhote.
-Que bom mamãe. Vamos deitar e sonhar.
A devastação chegou à floresta e os animais perderam a paz. Cada dia, um susto. Amigos partiam e outros deixavam de existir. Ao amanhecer, a valentia da Senhora Tucano surpreendeu.
-Rápido, ali! – gritou um homem barbudo.
Eusébio não imaginava o que estava por vir. Ele soltou um longo bocejo. Tão demorado que o bico quase quebrou. A mãe sempre disse que não é educado abrir a boca daquele jeito.
-Ah, ninguém viu. – pensou alto.
Um barulho forte estremeceu o topo da árvore. De baixo, o zum-zum-zum era danado. Dona Beth foi procurar o seu filhote.
-Eusébio, esse homem vai mesmo aprontar! - avisou ela.
O tucano entrou na mira. E suas perninhas congelaram de medo. A Senhora Valente deu um pulo! Com uma das asas envolveu o nosso amigo, e disse cheia de amor nos olhos:
-Que maldade do homem caçar! Eu juro, tentei nos salvar...
O tucano sentiu a cabeça dar piruetas.
-Pegue os dois! – ordenou o barbudo ao empregado.
Dona Beth tomou à frente e a rede lhe atingiu. A cena foi tão rápida, que ela só deu um grito no meio da confusão:
-Eu te amo, meu filho. Voe alto como um balão!
Eusébio atendeu. Lá de cima, o desenho da mãe era frágil e distante. Os dois malvados não paravam de rir. Deram de costas e esqueceram o tucano. O coração do filho de Dona Beth sentiu o silêncio até uma gaivota distraída aparecer.
-Bom dia, seu tucaninho. Preciso de uma informação.
Eusébio parecia uma estátua. Dos olhos, correu uma lágrima.
-Onde nós estamos? – insistiu a gaivota Katarina.
-No lugar mais solitário do mundo.
-O que há, mamãe?
Ela permaneceu calada. Era um charme, de unhas pintadas de rosa. Vivia a se enfeitar em frente ao longo espelho do quarto. Gostava de cílios enormes, e muita ordem na casa. A árvore de Eusébio era um aconchego só.
-Diga, por favor. Que eu fiz de aborrecer?
Dona Beth marchou rumo ao quarto e deixou o filho único a insistir.
-Por acaso, fui um mau tucano?
À beira da cama, ela preparava a mala. Casaco se fizesse frio, óculos escuros se encontrassem o sol. Ah, e um protetor de orelhas para uma viagem turbulenta.
-Pegue suas coisas e um brinquedo. Ganharemos o céu ao anoitecer. - disse a mãe, em tom grave.
-Eu não quero deixar minha árvore...
-Depressa, pois ela irão derrubar!
O exótico tucano deu meia volta e assistiu ao seu mundo ruir. Acabava o tempo de implicância com as formigas.
-Tenho planos pra vida... – confessou, com um suspiro.
-Maravilha saber.
-Meus melhores amigos pra sempre...
Definitivamente, aquele não era dia de melodias. Dona Beth não estava de brincadeira. Um tucano criança nada sabia de amigos para sempre. A mãe não pensou duas vezes e desfiou a lição.
-Não teime. Nosso tempo é curto. Precisamos correr!
Eusébio sentiu uma ponta de dor dentro de si. Pediu permissão e correu para o galho preferido. Quando a noite chegou, mãe e filho voaram longe.
-Quanto escuro! Mal posso enxergar. – resmungou o pequeno.
-Você nada sabe dos assuntos do mundo. Os homens querem nos capturar.
O tucano se entregou às asas da mãe. Ele queria outra árvore bem feliz. Até o cansaço, a viagem parecia tranquila. Na busca por um cantinho de dormir, os olhos de Dona Beth correram de lá para cá.
-Pronto. Aqui estamos à salvo. – explicou, aninhando o filhote.
-Que bom mamãe. Vamos deitar e sonhar.
A devastação chegou à floresta e os animais perderam a paz. Cada dia, um susto. Amigos partiam e outros deixavam de existir. Ao amanhecer, a valentia da Senhora Tucano surpreendeu.
-Rápido, ali! – gritou um homem barbudo.
Eusébio não imaginava o que estava por vir. Ele soltou um longo bocejo. Tão demorado que o bico quase quebrou. A mãe sempre disse que não é educado abrir a boca daquele jeito.
-Ah, ninguém viu. – pensou alto.
Um barulho forte estremeceu o topo da árvore. De baixo, o zum-zum-zum era danado. Dona Beth foi procurar o seu filhote.
-Eusébio, esse homem vai mesmo aprontar! - avisou ela.
O tucano entrou na mira. E suas perninhas congelaram de medo. A Senhora Valente deu um pulo! Com uma das asas envolveu o nosso amigo, e disse cheia de amor nos olhos:
-Que maldade do homem caçar! Eu juro, tentei nos salvar...
O tucano sentiu a cabeça dar piruetas.
-Pegue os dois! – ordenou o barbudo ao empregado.
Dona Beth tomou à frente e a rede lhe atingiu. A cena foi tão rápida, que ela só deu um grito no meio da confusão:
-Eu te amo, meu filho. Voe alto como um balão!
Eusébio atendeu. Lá de cima, o desenho da mãe era frágil e distante. Os dois malvados não paravam de rir. Deram de costas e esqueceram o tucano. O coração do filho de Dona Beth sentiu o silêncio até uma gaivota distraída aparecer.
-Bom dia, seu tucaninho. Preciso de uma informação.
Eusébio parecia uma estátua. Dos olhos, correu uma lágrima.
-Onde nós estamos? – insistiu a gaivota Katarina.
-No lugar mais solitário do mundo.